Os Calitriquídeos são a única família no Planeta em que isso acontece em praticamente todos os nascimentos; fêmeas possuem estratégia para evitar que outras engravidem Mico Leão Dourado adulto com filhotes nas costas Divulgação/Andreia Martins/AMLD Saguis, soins, micos.

.

.

todos são representantes da família Callitrichidae, uma das cinco famílias de primatas que ocorrem no Brasil.

Esses pequenos macacos têm uma curiosidade: com exceção do Calimico, todos os outros praticamente sempre têm filhotes gêmeos.

É a única família no Planeta em que isso acontece.

“Todos os demais membros da família Callitrichidae geram, comumente, filhotes gêmeos, e são capazes de obter duas gestações no ano.

Um particularidade rara dos calitriquídeos é a produção de gêmeos dizigóticos, ou seja, que compartilham a mesma circulação placentária durante o desenvolvimento embrionário, e, por isso, possuem compatibilidade imunológica”, explica o especialista em primatas Fabiano Melo.

Mãe carrega filhotes por mais de quatro meses Ananda Porto/TG Quando as fêmeas dão à luz a filhotes gêmeos esses são bivitelinos (não-idênticos) gerados por dois óvulos fecundados.

Mas quando as placentas se formam há passagem de sangue entre elas, o que faz com que os filhotes tenham uma mistura de células próprias e de seu irmão gêmeo.

“Quimerismo genético é a mistura de duas ou mais linhas genômicas dentro de um indivíduo, sendo rara nos mamíferos.

Células de ambos os produtos de concepção colonizam a medula óssea de ambos os gêmeos.

Apesar disso, não há evidências de intersexualidade ou subfertilidade”, complementa.

Segundo o pesquisador, o parto gemelar é bem mais comum, mas há exceções de nascimentos de filhotes únicos e trigêmeos em todos os gêneros de calitriquídeos.

C.

jacchus produz, em cerca de 70%, dois filhotes por gestação, 20% de nascimentos triplos e 10% de apenas um filhote.

Já o Leontopithecus rosalia tem vários casos de partos triplos, e até parto quadruplo em cativeiro, apesar de 65% ser representado por parto gemelar.

Dois filhotes do sagui-da-serra-escuro (Callithrix aurita) nasceram no Centro de Conservação dos Saguis-da-Serra (CCSS) Daniel Sotto Maior-UFV/Divulgação Conheça detalhes da organização social dos saguis Na maioria das vezes, o registro de um único filhote representa o sobrevivente de uma gestação dupla, onde um dos gêmeos pode ter sido abortado ou reabsorvido no início do desenvolvimento embrionário Diferente dos humanos, a idade materna das fêmeas dos calitriquídeos não afeta o número de óvulos por ciclo Para os saguis a responsabilidade cuidar da cria e ensina-la a comer e caçar é do pai Ananda Porto/Terra da Gente Cuidado parental Os filhotes da família Callitrichidae podem representar até 20% do peso da fêmea, sendo que essas chegam a amamentar os bebês por até quatro meses.

Mas como elas dão conta de tanto trabalho? “Evolutivamente esses macacos só conseguiram produzir gêmeos, porque todos os indivíduos do grupo participam dos cuidados dos filhotes.

O pai tem um papel muito importante, mas os outros ‘familiares’ também ajudam”, explica.

Clique flagra momento em família de saguis-de-tufo-branco Silvana Kehrle/VC no TG Como os grupos são pequenos com até oito animais, as fêmeas criaram uma estratégia para evitar um grande número de filhotes.

“Geralmente nos grupos apenas uma fêmea reproduz e essa causa supressão hormonal nas outras à medida que produz hormônios específicos em glândulas pelo corpo que impedem a gravidez nas outras”, explica o especialista.

Esse “anticoncepcional” natural controla a natalidade nos grupos.

Brasil é casa para as únicas espécies de micos-leões do mundo; conheça As fêmeas amamentam os filhotes por até quatro meses Andreia Martins/AMLD

Publicada por: RBSYS